CASOS CLÍNICOS

Fragmentos de experiências no campo astral

O texto a seguir foi vivido por um cliente durante uma sessão de Terapia Transgeracional, que o transcreveu após a experiência.

INICIO DO PROCESSO: como terapeuta, levo-a a entrar em contato com certas imagens de seu inconsciente.

Surge a figura de um homem de meia idade, que reclama:

“- Preciso me concentrar! Não tire minha atenção! Estou ocupado com estudos importantes e não posso conversar agora. Pensou.

E por mais que a terapeuta tentasse estabelecer um diálogo, aquele senhor, debruçado sobre uma pilha de escritos, relutava em dar-lhe atenção.

No seu intimo existia um misto de dois sentimentos: o primeiro, uma necessidade de se concentrar, como se qualquer desatenção pusesse horas e horas de trabalho a perder. Ou melhor, era como se ele soubesse que 1 minuto de desatenção poderia fazê-lo esquecer de tudo o que havia aprendido. E ele não queria perder todo o trabalho de uma vida.

Então se concentrava para manter tudo dentro de sua mente, por mais que soubesse exatamente em que estado se encontrava. Não tinha dúvidas que havia morrido, ele sabia disso, mas esta realidade pouco importava. O que realmente lhe importava era manter seu conhecimento. Além do mais, depois da ocorrência daquele contratempo (a morte), tudo havia melhorado: podia se concentrar sem perturbação, sem interrupções fisiológicas e principalmente interrupções de outras pessoas. Pelo menos até o momento em que essa pessoa (a terapeuta), veio perturbar seu trabalho.

Um segundo sentimento, mais sutil, porém mais poderoso, era certo desprezo ao que ele considerava "pessoas despreparadas".

Porque perder tempo conversando com pessoas que não tinham um décimo de seu conhecimento?

Que tipo de informação útil poderia vir desse diálogo? - O que você quer? Não me perturbe! Nada do que você vai me falar é uma novidade, sei que estou morto, e daí? Nada mudou. Talvez certa dificuldade na concentração... pensou.

E foi nesse ponto que sua atenção foi fisgada.

A terapeuta comentou que ele provavelmente estava com dificuldade em se concentrar, e ele não pode deixar de concordar.

Provavelmente estava diante de alguém que merecia um pouco de sua atenção. A explicação sobre a densidade da energia impregnada em seu corpo etéreo e como isso era difícil de manter e controlar fazia sentido, e era uma boa teoria.

Mais aí começou toda aquela conversa de luz, portão... E eu não estava vendo nada disso! Continuava em minha biblioteca, com meus escritos, minha mesa e cadeira. As paredes de pedra branca estavam sólidas como sempre. O ambiente estava claro, era dia. (Aliás, não me lembro de ter visto noites ultimamente fato interessante e anotado para futura pesquisa), mas voltando a questão do portão de luz... Realmente não havia nada além das paredes e a velha mobília de sempre.

A terapeuta insiste que existe uma luz, outras pessoas, mas aquele senhor não sabia como fazer para ver tais coisas. Até que enfim ele pede ajuda. Não explicitamente, mas no seu intimo. E após um toque em sua fronte, toda a biblioteca, com suas solidas paredes de pedra, se dissolvem. Simplesmente desaparece.

Essa foi a gota d'água! Eu preocupado com meus estudos enquanto tenho um fenômeno muito mais interessante para observar.

Agora sim a terapeuta tinha toda a sua atenção.

No inicio veio uma sensação de desconforto. Muita luz e uma névoa que não deixava enxergar nada. Não tinha coragem de se mover, pois poderia tropeçar. Estava literalmente às cegas.

Por outro lado, tinha consciência da oportunidade que se apresentava e não queria perder nenhum detalhe. Cada sensação, sentimento, tudo era interessantíssimo. Uma oportunidade única na vida, ou seja lá o que formalmente devesse considerar o seu momento presente.

O fato é que não tinha a menor ideia do que fazer. Depois de anos ensinando, tinha que aprender e perguntar, e foi o que fez. - O que tenho que fazer? Como me movo? Onde estão as tais pessoas que você disse que estavam aqui?

Não havia medo. Havia sim muita curiosidade. E mentalmente ele anotava todos os detalhes, como que colhendo material para um relatório:

Algumas experiências foram fascinantes. Mover-me era uma tarefa um pouco complicada. Não havia deslocamento, estava aqui e simplesmente pensava em estar em outra posição e já aparecia nela. Mas não tinha muito controle. Parecia uma criança aprendendo a andar. Além disso, a palavra "posição” não era exatamente a palavra a ser aplicada. Talvez uma descrição mais apurada seja "realidade"- era como se criasse uma realidade com o pensamento, e se essa realidade era estar em outra posição, isso acontecia automaticamente.

Voltei minha atenção ao que a terapeuta falava. Ela pedia que eu fosse em direção ao portão, porém a ideia de me mover daquele jeito me dava certo temor, e perguntei se alguém poderia me ajudar. Ela falou que outras pessoas estavam presentes e que poderiam me ajudar, mas ainda não via ninguém.

Então ela explicou que bastava "sintonizar" minha frequência mental e então os veria, e foi o que ocorreu. Com algum esforço no inicio, descobri que e uma forma que não entendia bem, conseguia mudar algo em minha mente, como quem controla a respiração, ofegante ou devagar, e a realidade a minha volta mudava gradualmente. A névoa diminuía e conseguia ver uma espécie de vultos, porém claros, como corpos feitos de vidro. Que à medida que variava a energia de meu pensamento, eles se tornavam menos transparentes. Mas o esforço era demasiado e não conseguia mantê-lo por muito tempo.

Estava tão entretido com todas essas novas sensações que havia esquecido o portão. Para falar a verdade, gostaria de ficar ali por mais algum tempo para explorar todas as possibilidades.

Além disso, não via o portão, mas pouco a pouco pude visualizar um local mais claro no nevoeiro que deveria ser o lugar a que ela (a terapeuta) estava se referindo.

- Se eu for, vou continuar tendo estas sensações? Esse tipo de movimento? - Sim, respondeu a terapeuta.

- Alguém pode me ajudar? Não sei bem como me mexer.

- Claro, e só você pedir. “Estas pessoas estão aí para te ajudar”.

Mas nem precisou, com um simples pensamento, passei do portão que na verdade não cheguei a ver.

Mas seja lá onde cheguei, realmente era diferente, a névoa sumiu e conseguia ver melhor as tais pessoas. Algumas estavam perto e outras estavam mais distantes, realizando outras tarefas sem dar muita atenção a minha presença. Os que me ajudavam sorriam como achando graça da minha curiosidade.

Será que consigo voltar pelo portão? Vou tentar!

De repente pensei se conseguiria passar pelo tal portão no sentido contrário, ou seja, voltar para a área nevoenta. E meio sem querer fui parar em outro lugar. Parecido com a tal área nevoenta do inicio, porém não era a mesma coisa. Era como se a névoa estivesse mais pesada, além de não enxergar nada, também tinha sensação de que estava preso em uma espuma branca que me impedia o movimento. Não sei bem se o lugar era outro ou se eu havia mudado algo em minha constituição e agora aquela névoa se tornara densa demais para mim. Aos poucos controlei minha ansiedade e fui me acalmando e consegui voltar para a área sem nevoeiro, do outro lado do portão. Fiquei bem satisfeito com minha pequena exploração e com o controle que começava a ter sobre meu movimento e pensamento. Queria aprender mais.

- Tem um curso? Queria ter aulas. Existe algum treinamento?

- Sim, responde a terapeuta; essas pessoas vão cuidar de você e te ensinar.

Não tinha muita certeza se aquele pessoal transparente podia me entender. Eles não falavam nada, só sorriam.

Mas de alguma forma vi alguns flashes de locais semelhantes a salas de aula. Era como se eles estivessem respondendo minhas perguntas sem palavras. As ideias surgiam em minha mente. Parecia promissor.

A terapeuta já se despedia e eu já estava ocupado com outros pensamentos; uma enxurrada de questões que exigiam uma avaliação detalhada. Nem deu tempo de me despedir e agradecer pela ajuda”.

 

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