CASOS CLÍNICOS

Ciúmes de Vida Passada

Peço à Andrea que relacione seu ciúme com a história que acabou de presenciar. Andrea chora, e, liberada da personagem anterior (Lúcia), pode ver com clareza a falta de motivos para tratá-lo com desconfiança. Percebe que existe muito amor entre eles e que há chance para reconstruir seu relacionamento.

Explicando o trauma

A palavra vem do grego e significa ferida, dano, avaria; trata-se de lesões físicas ou emocionais causadas por um dano, que deixa registros duradouros na memória consciente ou inconsciente da pessoa.

Andrea me procurou profundamente estressada com a separação. Para ela, a separação era uma situação excepcionalmente ameaçadora e catastrófica, causando angústia, agitação, dificuldade de manter a atenção, insônia, e pânico de ficar sozinha. Desconfiava de tudo, e chorava.

Seu corpo tenso a impedia de mover-se com segurança. Sentia taquicardia, respiração acelerada, transpiração e ondas de calor, além de tremores que percorriam todo o corpo.

Na eminência da separação, o trauma vivido por Lúcia foi ativado e liberando imediatamente da memória inconsciente de Andrea, obrigando-a a responder da mesma forma como fez no passado, incapacitando-a de observar o evento por outro ângulo ou de agir de outra forma. Quando Lucia pôde reviver a história e perceber sua responsabilidade, pôde também perceber que o evento já havia acontecido há muito tempo e que ela estava livre para seguir para o mundo espiritual. Isso libertou Andrea para viver sua própria história, e talvez, retomar seu casamento.

Traumas são resíduos que bloqueiam o fluxo natural de energia. Em minha prática, observo que na maioria das vezes, a suscetibilidade individual ao trauma está relacionada a memórias que podem ter sido herdadas da família de origem e de vidas passadas, daí a importância em trabalhar sua origem.

A Terapia Transgeracional é uma abordagem sistêmica que visa o restabelecimento da melhor harmonia possível dentro de um sistema mais amplo, liberando o impacto de eventos passados na vida da pessoa, possibilitando que ela viva sua vida com confiança, alegria e plenitude.

Dra. Lais de Siqueira Bertoche

Andrea e o marido vivem um divórcio litigioso. O marido diz que não suporta mais seus ciúmes e por isso, não voltará para casa. Para ela, a simples ideia de ficar longe dele ou vê-lo conversando com alguém, a deixa em pânico. Não confia em ninguém, e, sem saber o que fazer diante da inevitável separação, procura minha ajuda.

Iniciamos o processo terapêutico sugerindo à cliente que se deixe levar pelo sofrimento e expresse as imagens que surgirem em sua memória. Em breve, percebe-se num outro tempo e lugar, como uma mulher de uns 28 anos, que chamarei Lúcia. Naquele tempo, as famílias escolhiam os noivos para as filhas, e ela se casou com um homem bom, mas sem paixão. Tiveram dois filhinhos. Até que a vida começou a ficar insuportável, com agressões, solidão e desprezo. Lúcia decide seguir o marido e, para sua surpresa e indignação, o flagra num encontro amoroso com sua irmã mais nova. Louca de raiva, fere o marido e mata a irmã. Depois se suicida.

Já livre do corpo, peço à Lucia que perceba o que aconteceu: ela sabia do amor secreto que sua irmã nutria pelo jovem, e era correspondida. Mesmo assim, considerou que, como ela havia sido prometida a ele desde criança, esse acordo deveria ser cumprido. Mas ninguém manda no coração. E, apesar de terem tentado resistir, acabaram se envolvendo.

Peço à Lúcia que perceba sua responsabilidade nesse drama. Aos poucos, ela entende que seu capricho provocou o sofrimento de todos, assumindo assim sua responsabilidade e aceitado as consequências. Seu marido e a irmã afirmam sentir muito por tudo que aconteceu, dizendo que deveriam ter sido mais claros e assumindo sua responsabilidade na tragédia. Então, encaminho todos os personagens de vida passada para o mundo espiritual.

 

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